Escola
do Estado que funciona a mais de 40 anos poderá ser fechada no Distrito de
Gonçalo no município de Caém/BA. Trata-se de uma comunidade com aproximadamente
4 mil habitantes, onde funciona o Anexo do Colégio Estadual Arnaldo de
Oliveira, que recebe alunos do Distrito/Gonçalo, Distrito de Piabas e da zona
rural. A unidade escolar conta com 165 alunos matriculados para o ano letivo de
2025, sendo que boa parte desses alunos se deslocam em um percurso de aproximadamente
15 km.
Na
tarde de hoje (13/02/25), o diretor da APLB Sindicato núcleo de Caém. Professor
Gilvando Inácio, foi surpreendido com o coletivo de mães que buscaram ajuda no
sindicato. As mães relataram que estão sendo informadas que os alunos terão que
ser transferidos para a Escola de Sede do Município. Com essa mudança os alunos
poderão percorrer uma distância de mais 70 quilômetros, sem contar o retorno
que dobra essa distância, isto todos os dias. Segundo o coletivo de mães muitos dos seus
filhos abandonarão seus estudos, caso isso aconteça.
A
questão é: por que essa mudança poderá ser efetivada? Recentemente
o governo do Estado construiu na sede do município uma “Mega Escola”, uma estrutura
encantadora e que deixa qualquer município com inveja. Reconhecemos o esforço
do governo e o parabenizamos pela estrutura entregue à comunidade. Até aí tudo
bem! Agora, condicionar os alunos a terem que se deslocarem a uma média de 140 quilômetros
diários, é inaceitável e infringe o que prever a legislação, que garante o
direito de os alunos estudarem o mais próximo possível de suas residências.
O Ensino
Médio foi fundado em Gonçalo por uma luta histórica há mais de 40 anos, tem
resistido ao tempo e construído seu lugar na história. Podemos afirmar que boa
parte dos professores que atuam na educação municipal e na rede estadual se
formaram nessa escola. Principalmente os que atuam no próprio distrito, zona rural
e até mesmo na universidade, a exemplo de professores da Universidade do Estado
da Bahia, que tiveram a conclusão do ensino médio no ANEXO que agora poderá
deixar de existir. Não só isso, desse lugar tem saído alunos todos os anos para
as universidades estadual e federal do Brasil, em cursos como medicina, direito,
engenharia, arquitetura, Design, odontologia, nutrição, psicologia,
pedagogia e licenciatura, entre tantos outros. Com o pouco que se tem e com o que é oferecido
os professores têm feito a diferença e construído o curso da história.
Nesse
curso da história, a atual diretora do Colégio Arnaldo de Oliveira, assim como,
a atual gestora do NTE 16, fizeram seu percurso formativo da educação básica
nesse Anexo, onde também atuaram como professoras. Diante dessa realidade é inaceitável e inadmissível
concordar com atitudes do Governo do Estado, que venha prover pelo fechamento
do Anexo. Mediante a viabilidade do fechamento do Anexo, as mães esperam que o prefeito
de Caém, “possa intervir junto ao governo do Estado, pela continuidade do
funcionamento do Anexo na comunidade”. A APLB Sindicato, enquanto representante
dos trabalhadores da Educação e defensora da Educação Pública, apoia a
iniciativa das mães e conclama ao prefeito Arnaldo Oliveira Filho (Arnaldinho),
que faça o mesmo, unido forças para evitar o fechamento do Anexo.
A APLB
propôs as mães que estiveram presentes, uma reunião com a gestora do NTE 16 e com
a diretora do Colégio Arnaldo de Oliveira, que são responsáveis pelo
funcionamento do Ensino Médio no município, para o dia 18/02 às 14:00h, o
sindicato irá convidá-las para esclarecer se realmente essa possibilidade existe.
Confirmada
essa viabilidade, conclamamos a comunidade, pais, responsáveis, estudantes, educadores
e todos que se importam e compreendem a importância de uma unidade escolar funcionando
na comunidade. Escola é vida! Fechá-la representa o retrocesso e o atraso. O
movimento do MPA da comunidade de Várzea Queimadas, no município de Caém, vem
lutando e discutindo a viabilidade de uma faculdade na comunidade, e não duvide
disso, eles recentemente conseguiram uma "Mega Creche", do governo do Estado. No
Gonçalo querem apagar a comunidade fechando uma escola do Ensino Médio, o mesmo
governo, agindo na contra mão do que defende.
A APLB
Sindicato irá instituir uma comissão de mães e estudantes, para irem até a governadoria,
cobrar do governo explicações e se colocarem contrário, caso esse movimento
venha se efetivar.
Estejamos
atentos e vigilantes, as mudanças começam de forma disfarçada. Fiquemos atentos
aos movimentos e percursos dos processos. Seguiremos acompanhado e estejamos
preparados para lutarmos em defesa da escola pública, gratuita, laica e nas
comunidades. Afinal, 165 alunos importam. Estamos falando de duas comunidades com
os coletivos de famílias, que representam mais de 60% da população do município.
É desse lugar que falamos e defendemos o funcionamento do Anexo da Rede Estadual
no Distrito de Gonçalo. Aqui temos Histórias, com o H maiúsculo para contar,
não vamos apagar nossa história em função de aumentar o número de alunos do “Colégio
Modelo”. Mas, sim, perpetuar a memória dos que lutaram e contribuíram para
fundação do Ensino Médio no Distrito de Gonçalo.
Escola
linda e maravilhosa, não é sinônimo de produção de conhecimento, mais
importante que paredes de concretos e estrutura física são as PESSOAS. O que
torna uma Escola empolgante são os seus personagens que dão vida e produzem
saberes e cultivam sonhos que se tornam realidade.
NÃO AO
FECHAMENTO DO ANEXO DO ENSINO MÉDIO EM GONÇAO!.