O que
motiva a participação dos trabalhadores na luta em defesa de sua valorização e
das condições de trabalho são aqueles governantes ou patrões que suprimem
direitos e agem com opressão. “Quanto mais conquistas se tem, menos
importância tem a organização sindical”, isso é o que demonstra boa parte dos
trabalhadores, deixando evidente com sua forma de agir e participar. Na França
em 1789 os trabalhadores tomaram as ruas e derrubaram a Bastilha, era anos de
chumbo e opressão à classe trabalhadora. Na Rússia em 1917 ocorreu a maior
revolução socialista, os trabalhadores derrubaram o Czar e tomaram o poder. No
século XIX ocorreu os maiores movimentos da classe operária, contra a dominação
das máquinas e as condições de trabalho. Foi em 1886 no dia 1º de maio que os
trabalhadores norte americanos e canadenses deram início a uma onda de
manifestações exigindo direitos que pararam os parques industriais. Era a greve
geral convocada pela Federação dos Grêmios e Uniões organizadas dos Estados
Unidos e do Canadá que parou mais de cinco mil fábricas com cerca de 340 mil
operários nas ruas, para instituir direitos trabalhistas e melhores condições
de trabalho.
Na
ditadura militar do Brasil, com início em 1º de abril de 1964 e término em 15
de março de 1985, os trabalhadores e estudantes tomaram as ruas e lutaram
contra o regime, pondo fim neste.
Em
todos os casos, o que levou os trabalhadores as ruas foi a negação dos direitos
e a opressão aos trabalhadores. Os seres humanos nunca aprenderam a lutar e
defender seus direitos, quando eles estão “estabelecidos”, “consolidados” e
aparentemente estáveis. Esquecem que a luta para conquistar, é menor do que a
luta para manter. A conquista resulta de um recorte histórico, já a permanência
necessita da continuidade da luta e da permanência vigilante do que foi
conquistado, para não se cair no em brolho de que não se precisa mais lutar. A
sensação do ter “tudo”, ou a ideia de que a luta não vale a pena é o primeiro
passo da derrota e fracasso dos trabalhadores. Por falta dessa compreensão,
atualmente vivemos a precarização da mão de obra por conta da Reforma
Trabalhista Lei nº 13.467/2017. O sonho da aposentadoria virou um engodo,
resultante da Emenda Constitucional nº 103/2019, agora os trabalhadores
precisam trabalhar até a morte e talvez nem se aposente. Isso para lembrar de
alguns fatos e mais recentes.
Mesmo
vivendo em tempos árduos, mas com união e luta mudamos a história. Porém a
humanidade não soube manter acesa a chama da revolução, da luta e da unidade.
Os que perderam o poder retornaram e com muito mais força. No Brasil, não
tivemos o mesmo vigor para manter direitos consolidados com muita luta,
perdemos porque simplesmente nada fizemos, ou delegamos a outros, que fizessem
por nós! Em Caém também tivemos dias difíceis, houve tempo que os professores
tinham como base o salário mínimo e zero direitos, entre outros momentos duros
e difíceis vividos pelos trabalhadores da educação, isso tomando como base a
última década. Hoje temos uma média de salário de mais de R$ 12.000,00, e com a
consolidação de direitos que talvez nunca tivéssemos imaginado ser possíveis,
gozamos de certos “privilégios”! E a pergunta é: qual foi o papel da APLB
(sindicato) nesse avanço? Como estaria os trabalhadores da educação se não
fosse a luta da APLB?
Quando
a classe trabalhadora conquista ou galga aquilo que em parte ou boa parte
almeja, os inimigos da luta deixam de ser os governantes, a burguesia e por
acomodação os trabalhadores tornam-se inimigos de si mesmo. Como afirma Karl
Marx e Friedrich Engels, no Manifesto Comunista em 1948, “de tempo em tempo os
operários triunfam, mas é um triunfo efêmero. O verdadeiro resultado das suas
lutas não é o êxito imediato, mas a união cada vez mais ampla dos
trabalhadores”. Que o futuro, não nos traga surpresas e nos reste apenas as
lembranças do que poderíamos ter feito para manter valendo o que conquistamos com
duras penas um dia, ou talvez nos leve a lutar para reconquistar o que já
tínhamos, mas por omissão ou obediência negamo-nos o direito a nós mesmo da
participação e da manutenção dos direitos conquistados. Infelizmente os seres humanos, preferem
aprender pela dor do que pelo amor. E assim, aprendamos com Platão no Mito da
Caverna ou com o Mito de Sísifo.
Gilvando Inácio