terça-feira, 15 de setembro de 2020

AS MARCAS DO TEMPO

Ataques a pessoa do coordenador da APLB ou a própria instituição que tem promovido mudanças significativas na vida dos trabalhadores e da própria educação municipal não nos incomodam. Muito pelo contrário, demonstram que o sindicato e sua direção estão no caminho certo, está dando resultado e isso nos deixa com a consciência de que estamos atingindo os objetivos. Assim foi no passado, está sendo no presente e não será diferente no futuro. O difícil vai ser quando não tiver mais quem levante a voz em defesa de todos! Afinal, atacar os trabalhadores é fácil, principalmente quando parte dos que não compreendem e entendem o papel do educador na perspectiva freiriana. Criticam o que um dia elogiaram ou defenderam, mas agora está errado porque atinge os que lhes beneficiam. Esse tipo de ser humano em nada contribui no avanço de uma sociedade mais justa, igual, onde o que é público é para todos, não para o beneficio de uma casta privilegiada que fica na sombra dos que governam em detrimento do atraso social, intelectual e cultural da maioria.

O espanto vem porque muitos dos nossos, "trabalhadores em educação" , têm silenciado diante da atual gestão. Gestão essa, que tem faltado com a verdade, com o compromisso da palavra garantida, da honestidade e de ética diante de tudo que foi construído com os trabalhadores.  Lá se foram mais de 22 milhões de reais e o que nos restou? Nos enganaram, nos embrulharam para presente e 60% que deveria ter sido pago aos professores, o que fizeram?! Lá se foi o sonho de termos outra realidade na educação municipal! Lá se foram as salas de informática! Os laboratórios de tantas outras coisas! Um espaço de referência para encontro de professores! Lá se foram imobiliários novos e modernos que nunca chegaram as escolas! (Por incrível que pareça, tem escola que se gastou mais de 1 milhão de reais e os armários velhos estão sendo reformados). Lá se foram as salas de professores e secretarias como merecem os servidores! Lá se foi a possibilidade de construção de cantinas adequadas com equipamentos modernos para preparar a merenda dos alunos! Lá se foi a possibilidade de uma frota de transportes para os alunos! Lá se foram as quadras de esportes, as bibliotecas! Lá se foram os fraldários e brinquedotecas nas creches! Lá se foi o sonho de termos as condições mínimas na secretaria de educação para atender nosso público! Lá se foi a possibilidade de melhoria em todas as escolas! Junto à tudo isso tentou-se tirar nossa dignidade, amor próprio, nossa vergonha, nossa coerência, nosso espírito de luta. 

Por que afirmar isso? Num passado e não tão distante, estávamos nas ruas aguerridos, firmes, gritando em alto e bom som, brigando por nosso merecido reajuste de salário de 6,14%, o que equivaleria a pouco mais de R$ 200,00, no nosso vencimento; diga se de passagem aumento que só os professores de nível II e III não tiveram. Gritávamos também pela aprovação do Plano de Carreira. Luta justa e merecida da qual em nada nos envergonhamos, mas nos deixou cheio de orgulho.

Agora tivemos roubados os sonhos e a possibilidade de mudar de verdade a educação do nosso município. Nos tiraram de forma fria a possibilidade de recebermos mais de R$ 50.000,00. Pior é não sabemos o que fizeram com o nosso dinheiro, o dinheiro da educação. Uma coisa é certa e visível, esses   mais de 22 milhões de reais não serviram para mudar a realidade da educação municipal e muito menos para valorizar os trabalhadores  que nela atuam. Nos enganaram, fizeram acordo, assinaram, protocolaram na justiça, mas correram, desistiram sem qualquer explicação. Aprovou-se uma lei municipal que para nada serviu! Das 16 unidades escolares fizeram algum tipo de reforma apenas em 9, as outras 7 nada fizeram, as mesmas penam por melhorias. A cantina central na sede, anexa ao prédio da Secretaria de Educação, não recebeu qualquer reforma. Mas nada disso foi motivo para muitos de NÓS, trabalhadores da educação nos indignarmos. Como se tudo ocorresse dentro da normalidade, como se o município nunca tivesse recebido esse dinheiro!.

O Plano de Carreira, foi aprovado, mas as vantagens e os avanços que nele estão amparados estão bem distantes de serem alcançados. Alguns enchem o peito para dizer que vem pagando o Piso Nacional, tendo como base o mês de janeiro. Que mentira bem contada, NÓS trabalhadores da educação, devemos lembrar que isso ocorre por determinação judicial, a mesma decisão que determinou o pagamento das perdas salariais de 2016. Mas por onde passam, fazem questão de dizer que nos fazem um favor. Essa foi mais uma entre tantas outras conquistas da APLB.

Somos concursados, servidores públicos, não somos empregados do prefeito, ele ou eles sim, são nossos empregados. Quando saírem continuaremos no mesmo lugar, nada muda em nossas vidas. Mas a luta pela garantia dos direitos, do respeito, da dignidade dos trabalhadores da educação de Caém continuará, afinal ela tem mudado a história de Caém, esse já não é o mesmo, nem poderia ser.

No tempo e no vento ecoam apenas os vídeos da coordenação da APLB ou o áudio do carro de som. Onde estão todos? Aquele povo aguerrido  que no passado tanto lutou? Onde estão os que nunca levantaram a voz?

Estão todos aí! Lutando ou silenciando por conveniências, conveniências passageiras, temporárias e muitas vezes encabrestadas. Não nos cabe esse papel! Os gestores não nos fazem nem um favor, nós sim o fazemos, quando os elegemos para governar com respeito e seriedade.

Os ataques deferidos pelos "assessores de assuntos aleatórios", daqueles que nunca tiveram competência para estarem onde estamos, por isso precisa bajular para não perder a conveniência recebida, é compreensível. Não nos preocupam, esse é o papel dessas pessoas. Temos que compreender que elas só existem enquanto existirem os bajulados. Isso nunca vai mudar, será sempre assim. Mas nós devemos sim mudar, não precisamos nos prestar a esse papel, temos um espaço conquistado, nosso por direito.

Quando não levantamos a voz, não defendemos nossos direitos, deixamos o espaço vazio, permitimos que os que não têm legitimidade ocupem esse espaço. É isso que vem acontecendo na realidade de Caém. Uma vez que muitos não têm se manifestado e ainda apoiam a forma como o poder público trata os trabalhadores. Estes fortalecem o descaso da gestão para com a educação e a categoria, abrindo uma lacuna para os ataques aos nossos direitos. No momento faz-se necessário a união dos trabalhadores, na defesa de uma educação pública, laica, gratuita e de qualidade, bem como o respeito, a transparência e o zelo com os trabalhadores da educação de Caém.   

    


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