De
modo geral a traição causa sofrimento, angústia, mágoa, decepção, repulsa,
quebra de confiança, frustração, desencanto e desilusão entre tantos
outros sentimentos dessa natureza. Isso
ocorre principalmente quando a traição é provocada por quem você ou uma
categoria depositou todas as expectativas de confiança e de mudança e descobre
que a esperança tornou-se um pesadelo, o que era solução virou problema. Tudo
isso torna-se mais gritante quando o traidor não tem respeito, simplicidade,
humildade e não dialoga, não justifica seus atos, insiste que fez o certo, o
justo, o coerente. Concepção que só
povoa sua imaginação e sua visão míope.
O
excesso de confiança e de certeza do
traidor aumenta quando parte dos que
foram traídos aceitam suas atitudes esdrúxulas, descabidas e sem qualquer
fundamento como "normal". O pior disso tudo é que por razões que só
eles, traídos, conseguem enxergar, se convencem que o traidor tem "razão”,
estes não conseguem ver outra realidade, vivem ainda na "caverna" de Platão. Não conseguem ir além, acreditar no
seu próprio potencial e força motora de sua capacidade de libertação como
pregava Paulo Freire. Aceitam o absurdo como natural e buscam fundamentar sua
aceitação com explicações que no fundo nem eles mesmos acreditam.
O
ato da traição provoca sequelas que por mais que o tempo seja longo e generoso,
elas insistem e persistem na memória de quem foi traído. Não pensem os
traidores que tudo passa em brancas nuvens, o tempo da resposta e da reação
sempre chega, mesmo para os que ainda vivem na "caverna" de Platão,
afinal “um
homem não pode se banhar duas vezes no mesmo rio, pois nem ele nem o rio serão
os mesmos”. A traição não só tem efeito para os traídos, igualmente
no futuro trará igual consequências ao
traidor. "Ai de você, destruidor, que
ainda não foi destruído! Ai de você, traidor, que não foi traído! Quando você
acabar de destruir, será destruído; quando acabar de trair, será traído" (ISAÍAS 33:1).
Dito
isso, precisa-se reconhecer que os trabalhadores da educação do município de Caém passaram mais
de três anos sendo enganados e isso se confirmou com a traição do gestor
público em desistir do acordo construído de forma coletiva, democrática e
participativa. Acordo que poderia ter resultado na garantia dos trabalhadores
receberem o que está posto na legislação, se assim o gestor não tivesse
desistido. Mas o prefeito de Caém em um ato severo, desumano e inconsequente se
retirou do acordo, traindo a confiança dos servidores. Ele, prefeito, se acha ainda
no "direito" e na cara de pau de pedir aos trabalhadores que o compreendam,
como se seu ato fosse o mais natural possível. Ao fazer isso, demonstra sua
incoerência e a falta de respeito, bem como a certeza de que os trabalhadores não têm
memória, pensamento critico ou são provenientes da mesma visão míope que a sua.
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Com
esse pedido e com a justificativa que utilizou os recursos do precatório da
melhor forma para mudar a realidade da educação caenense, tenta induzir que
hoje vivemos em outra realidade educacional. E de fato vivemos! Mas pior!.
Esperanças e sonhos foram destruídos, não porque não se pagou o precatório aos
trabalhadores, mas porque não se teve o cumprimento das ações propostas no
Plano de Aplicação garantido pelo gestor. Mais de 21 milhões de reais não
alterou o curso da história e da vida educacional do povo de Caém. Tudo isso
tem provocado na classe trabalhadora insatisfação,
falta de perspectiva, desânimo, falta de empolgação, descrença e vários outros
sentimentos e sensações que o dinheiro
não compra, mas poderia ter promovido ambientes mais prazerosos de trabalho e
de relações profissionais. Afinal o que mudou mesmo na educação com 21 milhões
de reais?
Essa obra foi construída na gestão (2013 - 2016) com recursos do FNDE- Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. E continua assim até hoje!
Olhar para trás
como faz o sankofa africano, é sentir
muita tristeza e vergonha do que foi feito com tanto dinheiro; é ver a verdade
estampada nas reformas e na aplicação desse dinheiro que só, mas apenas só a
administração ver grande coisa! Ir nos
meios de comunicação pedir que seja compreendido, como fez o prefeito de Caém,
é pedir para os trabalhadores esquecerem e também compreenderem o vivido em
outros momentos como em 2016.
Pedir que os trabalhadores entendam e compreendam os atos do atual
gestor, é não ter visão critica ou ser míope. Para não enxergar a realidade das
reformas nas escolas, gastando em apenas
uma, um milhão e meio de reais e esta
está toda rachada, piso afundando e nas demais nada é diferente. É pedir para
não olharmos para os laboratórios de informática, a implantação das
bibliotecas, dos laboratórios de química, das quadras de esportes, dos
refeitórios, da frota de transportes, da construção do centro de formação e
capacitação do magistério, das salas de vídeos entre tantas outras ações que
foram garantidas no Plano de Aplicação publicado no Diário Oficial da
prefeitura, mas que não foram realizadas, ficaram apenas no papel. Pedir para ser compreendido e não
visto como traidor, é pedir para que as pessoas não vejam a verdade e que fiquem
cegas diante de uma realidade que salta aos seus olhos; que não vejam o quanto foi
pago em compra de água mineral para as escolas, mas que nunca chegaram aos
servidores; é não enxergar que na reforma da Creche Proinfância na sede do município foram gastos mais de
meio milhão de reais e hoje encontra-se abandonada; é pedir para o povo não ver
que com a recuperação dos ônibus escolares se pagou mais de R$ 782.368,40 e os
mesmos em nada mudaram. O que querem mesmo que os trabalhadores compreendam?
Traição e compreensão
são dois sentimentos que não andam juntos,
nem tem por que andar. É muito fácil descumprir com algo estabelecido,
garantido, não dar qualquer justificativa e pedir que se compreenda. Isso é
inaceitável, descabido e desproporcional para quem tem consciência e se
respeita. Aos trabalhadores cabe a indiferença, o reconhecimento da verdade, de
que foram traídos sim, sem qualquer pudor. Traídos quando foram enganados por
falsas promessa e falso acordo, traídos quando não tiveram 10% das promessas e
propostas do que poderia ter sido feito com os recurso do precatório publicadas
no Plano de Aplicação, em ações que deveriam fomentar a melhoria e a qualidade
da educação, ações hoje impossíveis de serem cumpridas, com pouco mais de R$
700.000,00 reais em conta. Será se o que resta desses recursos serão suficientes
para concluir as reformas em curso?
Não foi só o sonho
dos trabalhadores de receberem o que lhes era e é de direito que foi destruído
pelo prefeito de Caém, como outra realidade educacional, escolas com espaços
arejados, de lazer, refeitório, laboratórios de informática, entre tantas
outras coisas que teriam sido possíveis de serem feitas, foram também
destruídas. As propostas e promessas do prefeito viraram utopia. Perdeu-se uma oportunidade única, que jamais
teremos para mudarmos o município de Caém, poderíamos ser referência, exemplo.
Tudo isso acabou pela forma como os mais de 21 milhões de reais foram usados.
Pasmem! Mas há ainda alguém que acha que não!.
A alegação do
prefeito que os tribunais de contas são contrários ao pagamento do precatório
aos professores, é infundada, sem respaldo e descabida. Se assim fosse verdade,
por que ele, o prefeito, desistiu do acordo após a Justiça Federal ter tornado
sem efeito os pareceres do TCU? Mesmo o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia
tendo se manifestado no sentido da possibilidade da homologação, o prefeito não
cumpriu com o combinado de manter o dinheiro do acordo em conta até uma decisão
judicial, nem sequer esperou que a justiça desse qualquer decisão. Será por
quê?
Não podemos como profissionais e como pessoa
agirmos por conveniência política, temos o dever de sermos éticos, coerentes e
honestos com nossas posições. Não
podemos condenar o passado e salvar o presente, como se nada tivesse
acontecido. O erro sempre será um erro, isso independe do seu tempo histórico e
dos seus autores.